Welcome to Oxford / Oxford is Lovely


Welcome to Oxford.

Cheguei. Cinco dias depois, estou numa cidade que em tudo tem a ver comigo. Tem um aspecto cinzento, mas as pessoas dão-lhe quase todas as cores. Existirá talvez um lado negro nesta cidade, mas ainda tenho de o conhecer. Não que tenha muita pressa para o fazer, mas toda a bela tem o seu senão.

Para já o que experienciei foi simpatia e calor humano. Estou neste exacto momento sentado nos degraus do Memorial aos Mártires. Pessoas e carros passam por mim, cada um envolvido nos seus afazeres. Existe uma descontracção no ar que me convida a parar e relaxar. A considerar a vida, e as voltas que dá, e a como vim aqui parar.


(Um guia e um grupo de turistas acaba de parar à minha frente. Acho que para eles faço agora parte da atracção local. Será que me estranham, todo malas empilhadas à sua frente? No seu rosto vejo naturalidade, não pareço ser mais que o comum, como se esperassem que aqui estivesse toda a minha vida.)


É estranho. Quebrar todos os laços e partir rumo à descoberta. Existe um pânico tácito que me obriga a sentar direito e a prestar atenção, atento a ameaças e azares. Mas depois Oxford, cidade antiga e civilizada, dá-me a entender que não preciso ter medo. Que posso contar com ela para aprender mais sobre o mundo e sobre mim. É tão estranho estar num sítio que a todo o momento me diz "it's alright mate, you can sit back and enjoy the view".

Deixei hoje o quarto de hotel. Engraçado como passadas apenas cinco noites já começava a depender daquele espaço para me sentir em casa. Era já o meu pequeno canto, o meu pequeno espaço para onde podia fugir depois de andar dias perdido. Mais uma quebra.



Começa hoje uma estadia mais prolongada numa casa partilhada, governada por duas pessoas habituadas a acolher outros como eu. Estranhos, estrangeiros, que deixaram para trás o conforto das suas vidas anteriores para procurarem algo diferente, ou melhor. Quero acreditar que me vou adaptar, e farei por isso. Mas o pânico continua lá ao fundo. O receio que algo possa correr mal. Julgo que não me consigo livrar daquilo, não para já.

Apenas posso abrir o coração e deixar que as coisas boas que esta terra tem entrem lá dentro.

Oxford is lovely.