Cavaleiro Negro

"Nec audiendi qui solent dicere, Vox populi, vox Dei, quum tumultuositas vulgi semper insaniae proxima sit."

Nalguns dias acordas, levantas a cabeça da terra que é a tua Vida e olhas para o mundo e só ouves disparates.

Em Novembro de 2015, uma cidade foi tomada de assalto por predadores na noite determinados a semear o terror em prol duma crença.

Em Junho de 2016, um grupo de pessoas foi abatido porque a forma como se atraiam entre si não coadunava com a forma de ver o mundo de um indivíduo.

No mesmo mês, uma política foi abatida porque defendia uma causa vista como errada aos olhos de um lunático isolacionista.

Debaixo destes eventos e outros que tais, existe um burburinho mediático incessante. Uma dieta de histeria, mentiras e disparates a ser propagada pelos dois lados da mesma batalha - quem tem razão. Ordens de morte e expressões de ódio a troco de nada. Tanto alarido, e estas montanhas são estéreis que nem ratos parem.

Uma tempestade de barulho no meio de nuvens de medo produzidas e perpetuadas pelos media. Media não, mas antes dispositivos de venda de publicidade. Nunca me pareceu tão válida quanto agora a Necessidade de toda a gente calar a puta da boca e contemplar o que se passa.

Para quem o Latim não assiste:
"E essas pessoas não devem ser ouvidas, quem continua a dizer que a voz do povo é a voz de Deus, já que a devassidão da multidão sempre está muito próxima da loucura."
- Carta de Alcuíno para Carlos Magno, 798

Olho para o relógio, noto o dia e apercebo-me que esta Necessidade tem pelo menos 1218 anos de idade.

Por me ser difícil aceitar que esta é a natureza da raça a que pertenço, a Humana, mesmo que a História demonstre que devesse aceitar visto ser incontornável, a conclusão é apenas uma perante a seguinte proposição: se a voz do povo é a voz de Deus, então não nego a Sua existência e claramente me assumo como o seu Adversário.