words as photographs

Se o trabalho nos define em boa medida, serei uma mula de carga? É nas minhas costas, e nas costas de outros como eu que uma nação se move?

Mestres da sua arte, a virarem completamente uma feel-good music para algo mais assombroso e negro. De certa forma, depois do fim chegar e depois das merdas que fazemos uns aos outros, imagino que seja esta a canção com que se apaga a luz... Imaginem? Imaginassem. As possibilidades.

Puramente por acaso, hoje encontrei isto. Achei por bem guardar, em nome da posteridade.

Passar a ser algo mais, cortando partes de nós. Crescemos incorporando o que nos rodeia. Os nossos pais, os nossos amigos, os nossos professores, os nossos ídolos. Bebemos da sua essência e aumentamos o que somos. Construímos ideias, conceitos sobre o que nos rodeia. A dado ponto tornámo-nos umas bestas. "Porque o mundo funciona assim! E fico muito chateado/a quando o mundo funciona de maneira diferente da que espero!" Ensinam-nos que a realidade é o que vemos, ouvimos, cheiramos e mais alguns 'amos relacionados com empirismo. Ensinam padrões com que podemos contar. Um deus no céu, tudo o que sobe, desce, método científico, forças que nos mantêm presos à terra, emoções que nos mantêm presos uns aos outros. E é tudo na nossa cabeça. Podemos estar todos mortos. A sonhar. Podemos ser uma consciência única que se fragmentou em mil bocados e entretém-se num delírio esquizofrénico. Podemos ser um louco fechado num quarto escuro. Uma criança destroçada enquanto vê o ...

Começo a perceber a utilidade duma crença num super-ser, duma religião que nos indica o que ser, e como ser. Somos todos uma cambada de desamparados, e no limite tudo o que fazemos está simultaneamente certo e errado. Somos feitos de esperança e desilusão, de amor e melancolia, de orgulho e abandono. Uma religião ajuda a clarificar quais os que devemos valorizar. E ainda assim precisamos dos podres, dos maus, para sermos completos, ricos. Ser humano é ser paradoxal.

Porque moram monstros tão negros dentro de nós? Porque é que quanto melhor tentamos ser, pior se torna o nosso reflexo pervertido? Como se esculpir o anjo atiçasse o demónio. Olho para o fundo do lago, e vejo-me portador de desgraça. Não deveríamos ser todos cinzentos? Neutros? - H.J., minutos antes do massacre de Pequena-a-Vila.

Tenho uma granada a rebentar-me dentro da cabeça. Os estilhaços são rebuçados e confettis. É uma espécie de festa ultra-violenta, em que soldados guerreiam celebrando e celebram guerreando. Apetece-me usar um foguete como cuecas e sair disparado rumo ao cosmos.

Usei o botão lá de cima ("Blogue Seguinte") e só me saíram blogs religiosos, não importa as vezes que lá carregasse... Jesus senhor, tira-me da tua companhia, s.f.f. Não é que acredite ou deixe de acreditar, mas virei costas a esse clube há muito tempo.

Por vezes a pior coisa que te pode acontecer nasce em algo sem mácula. De boas intenções está o inferno cheio e tudo mais...

És fogo. És um enorme incêndio na distância. Devoras cidades e devoras montanhas. Consomes reis e consomes amanhãs. Suplicam-te, imploram-te que pares. E ainda assim continuas a lavrar. Não conheces remorso, nem piedade. És justiça e és retribuição. Ele segue incauto rumo a ti, sabendo que na distância mora uma super-nova. O calor distante força o suor na testa, seca-lhe a garganta. Ainda assim ele avança, sorrindo. Ele abraça a tragédia, sempre sorrindo por saber que na chama encontra o significado que procurava para a sua vida. O fim é para ele a razão, nunca a viagem. Por maior que fosse o terror que brotasse nas tuas palavras e nos teus olhares, ele não te temia. Ele seguiria sempre como um rio, até ti. O único homem que não conseguias assustar ou intimidar. O homem que desejava o Apocalipse. Desejava-te completamente, por nunca ter sido inocente.