Mudanças

Passar a ser algo mais, cortando partes de nós.

Crescemos incorporando o que nos rodeia. Os nossos pais, os nossos amigos, os nossos professores, os nossos ídolos. Bebemos da sua essência e aumentamos o que somos. Construímos ideias, conceitos sobre o que nos rodeia.

A dado ponto tornámo-nos umas bestas.

"Porque o mundo funciona assim! E fico muito chateado/a quando o mundo funciona de maneira diferente da que espero!"

Ensinam-nos que a realidade é o que vemos, ouvimos, cheiramos e mais alguns 'amos relacionados com empirismo. Ensinam padrões com que podemos contar. Um deus no céu, tudo o que sobe, desce, método científico, forças que nos mantêm presos à terra, emoções que nos mantêm presos uns aos outros.

E é tudo na nossa cabeça. Podemos estar todos mortos. A sonhar. Podemos ser uma consciência única que se fragmentou em mil bocados e entretém-se num delírio esquizofrénico.

Podemos ser um louco fechado num quarto escuro. Uma criança destroçada enquanto vê o pai ser levado por um soldado inimigo. Uma desculpa à noite.

Tomamos tanta coisa por garantida. Que se percam estas barreiras onde nos apoiamos para ver o mundo. Que se considere o impossível, que nos apaixonemos pelo horizonte.

Que cresçamos largando certezas, duvidando ensinamentos, ignorando garantias, questionando tudo.

Que sejamos o momento, no momento. Porque a vida não se vive.

Conquista-se.