Emocionalmente Indisponível

Tudo aponta para que seja emocionalmente indisponível. Quero escrever isto aqui, agora. Porque é um problema. Pior, suspeito que seja algo estrutural e possivelmente inalterável.

(Não admira que os meus relacionamentos não passassem dos dois meses...)

Olho para o passado e vejo que houve, em todas as minhas relações (pais, amigos, parceiras) um ponto a partir do qual não deixo entrar. Existe uma distância saudável onde as coisas funcionam. Mas num nível mais profundo ninguém entra.

É estranho, porque aparentemente não tenho problemas em andar nu online, em vir para aqui debitar e analisar o que sinto perante (potencialmente) o mundo inteiro.

Porque não há ligação. Porque estou a falar para o vazio e com isso não tenho problemas.

Mas com outra pessoa? Num diálogo? Não funciona. Não sinto medo, mas uma invasão de privacidade. Que paradoxo, quando, de novo, estou aqui de megafone a dizer isto.

Será sede de controlo? Aqui controlo a mensagem. Aqui sai o que quero, como quero, e sei que não há follow-up. Não há consequência. Mas abri-me. E a minha consciência fica tranquila por isso.

Ou será de facto medo da consequência? Sempre me interroguei o porquê de não ter nenhuma fobia em particular, apenas um medo saudável perante coisas que me podem fazer mal. Répteis, andar depressa na estrada, bairros escuros, esse tipo de coisas. Serei um elefante com medo de ratos?

Distância saudável, medo saudável. Estarei a embelezar quem sou, para me tornar mais aceitável para mim?

É uma merda não poder resolver este problema com um post. Mas o objetivo é encapsular esta conclusão de hoje. Acho que é importante assinalar o momento em que olho para mim e vejo alguém que diz a si mesmo ir de peito aberto para as situações, mas assim que verdadeiros laços se começam a criar, automaticamente bate em retirada e começa a sabotar o que tem.

Sou (ligeiramente) tóxico.