Corro Porque Fujo?

A determinação regressou. Não sei muito bem para que direção caminho. Talvez esteja a evitar um par de dores: escrever e seduzir.

A ideia de escrever continua presente. É o meu alvo em movimento. Sempre que chega a altura de criar algo, arranjo uma distração ou algo mais urgente para fazer. Correr, limpar, organizar. De certa forma é útil, porque querendo mas não escrevendo acabo por causar avanços noutros aspetos da minha vida. Parece-me que a escrita funciona como um plano B. Se ficar sem o que quer que seja para fazer, acredito que posso sempre retornar a isso. Será que me é essencial ter um sonho não concretizado a todo o momento?

A ideia de seduzir uma mulher é-me agora repelente. Onde antes era algo que me entusiasmava e dava alento, como se completasse algo que me fizesse falta, entra agora em conflito com uma vontade de querer liberdade. De não querer dar satisfações seja a quem for. De não querer corresponder a qualquer tipo de expetativa. Soa a uma distração fútil. Talvez porque o panorama é deprimente. Sinto que sou desejado pelas razões erradas, talvez por desejar também por razões erradas. A luxúria continua presente, e insatisfeita pesa-me o sorriso, azeda-me a disposição.

Avanço sisudo pelas estradas, a correr pela noite adentro não querendo mais que me fortalecer e endurecer.