O que o ciúme tirou
As minhas mãos petrificadas pela tua pele gélida e eu ainda olhava o teu rosto líquido. As últimas bolhas acabavam de rebentar na superfície. À medida que as minhas lágrimas se projectavam para ti, tremias, oscilavas. A lua desaparecia ao canto e reaparecia à medida que recebias o meu último adeus em sal e cuspe, as minhas últimas palavras para ti, talvez raiva, talvez saudade, talvez ódio e ainda a neblina rodeando-me, enlouquecendo-me, julgando-me, sabendo-me culpado daquilo que não fiz.
E tu sabias o porquê de eu o não ter feito. Pedi-te para parar. Insisti para que cedesses, para que percebesses que nunca mais quis isto para nós, e era tarde, obrigaste-me a não fazê-lo ripostando com a tua necessidade de respirar, a tua eterna vontade de sorrir, e o teu corpo afundou-se na escuridão, para sempre para baixo, para dentro, num grito sem som, um gorgolejar vazio, e o luar já não te iluminava mais a cara, eu ainda não conseguia sentir as minhas mãos mais duras, mais frias.
Os meus olhos vidrados nos teus, a assegurarem-me que o meu mundo ainda era o mesmo, apesar de tão diferente sem ti. Não, não o fiz. Nunca o faria. Nunca largaria o teu pescoço enquanto respirasses, nunca me iria permitir morar na tua sombra. E então afogaste-te, meu irmão.
E tu sabias o porquê de eu o não ter feito. Pedi-te para parar. Insisti para que cedesses, para que percebesses que nunca mais quis isto para nós, e era tarde, obrigaste-me a não fazê-lo ripostando com a tua necessidade de respirar, a tua eterna vontade de sorrir, e o teu corpo afundou-se na escuridão, para sempre para baixo, para dentro, num grito sem som, um gorgolejar vazio, e o luar já não te iluminava mais a cara, eu ainda não conseguia sentir as minhas mãos mais duras, mais frias.
Os meus olhos vidrados nos teus, a assegurarem-me que o meu mundo ainda era o mesmo, apesar de tão diferente sem ti. Não, não o fiz. Nunca o faria. Nunca largaria o teu pescoço enquanto respirasses, nunca me iria permitir morar na tua sombra. E então afogaste-te, meu irmão.