zero um dois
"Que raios, por Artemis, onde está ele?"
Itgard estava preocupado e como era seu costume, dava a conhecer a todos o seu estado de espírito, entre insultos à vida e à situação. Apetecia-lhe agarrar e tomar uma prisioneira, mas o combinado forçava-os a não perder tempo.
"Ah, quando chegarmos, o que vai ser de ti. E de ti. E de ti..."
Rosnava, insatisfeito, mas prosseguia, pesado pela responsabilidade de ser o segundo no comando.
"Onde está o Brunn, raios no céu?"
A caravana estava refeita. Quando antes eram oito guardas, dez mercadores, doze mulheres, cinco crianças, eram então onze prisioneiras, nenhuma criança, quatro bárbaros sanguinários, sujos e sem líder. E um pequeno bárbaro nem por isso sanguinário mas bastante sujo. Doze cavalos carregavam pesadamente os espólios e as armas. A marcha era tão ligeira quanto possível, com os vilões a deixarem bem claro que quem se recusasse a continuar, quem ousasse abrandar, morreria ali.
"Vamos! Vamos!" berravam os captores. Das capturadas nem uma palavra.
Apressavam-se pela planície. Ainda era manhã e o Outono estava a ser generoso com eles. O tempo estava fresco, mas não muito húmido, o que lhes permitia avançar com toda a velocidade que era possível. Queriam afastar-se e chegar ao aldeamento rapidamente. Onde se pudessem esconder, e se necessário, onde se pudessem defender. Havia uma agitação silenciosa entre eles. Não sabiam se a Guarda de Jade estava no seu trilho. O seu melhor batedor, Brunn, tinha voltado para trás para saber mais.
Chegaram a um riacho pouco fundo, em que a água no seu ponto mais fundo submergia tudo até peito da pessoa mais baixa, uma senhora com ar envelhecido, mas que demonstrava ainda ligeireza de andar e de olhar. Perderam algum tempo a verificar se as cargas dos cavalos estavam bem presas e fizeram-se à água.
"Rápido, vamos!"
Apesar da crueldade e da indiferença, os bárbaros eram particularmente eficientes nesta operação, atenciosos até. Asseguravam-se que os cavalos estavam tranquilos, que os prisioneiros trilhavam o mesmo caminho que eles, para não tropeçarem e arriscar ir com a corrente. Uma harpista ruiva ainda considerou escapar, mas um rapaz com a sua lança tinha-a debaixo de olho.
A travessia correu bem e depressa chegaram à outra margem. Itgard ordenou que elas se despissem.
"Ah, mas que bela vista. Sim, mas que bela vista." disse com tom sórdido, mas logo endureceu o discurso "Mas agora não é para festas. Troquem de roupa, suas reles. Não vos quero levar doentes. Ainda temos muito caminho pela frente. O pior bocado! Aha!"
A paisagem começava agora a mudar de aspeto. O riacho que atravessaram finalizava a planície e a outra margem era pantanosa e assustadora. Árvores mortas, vegetação doente, bancos de areia, rochedos afiados. Manter os cavalos no caminho seria um desafio.
Uma hora depois de entrarem pelo pântano encontraram uma grande árvore. Desconheciam-lhe a espécie, apenas sabiam que era a única nos quilómetros que os rodeavam. Era impossivelmente grande, com um tronco que parecia feito do entrelaçar dum sem número de troncos mais pequenos. A sua foliagem era triste, caída, como se estivesse desiludida com o mundo inteiro. Na sua base estava um rochedo cúbico, de arestas afiadas. Sentado nele uma figura sombria aguardava-os.
Era Brunn. O seu cavalo estava morto a seus pés, e a expressão habitualmente séria do seu rosto perspirava um raro ar de preocupação misturado com a ardileza dum lobo.
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Itgard estava preocupado e como era seu costume, dava a conhecer a todos o seu estado de espírito, entre insultos à vida e à situação. Apetecia-lhe agarrar e tomar uma prisioneira, mas o combinado forçava-os a não perder tempo.
"Ah, quando chegarmos, o que vai ser de ti. E de ti. E de ti..."
Rosnava, insatisfeito, mas prosseguia, pesado pela responsabilidade de ser o segundo no comando.
"Onde está o Brunn, raios no céu?"
A caravana estava refeita. Quando antes eram oito guardas, dez mercadores, doze mulheres, cinco crianças, eram então onze prisioneiras, nenhuma criança, quatro bárbaros sanguinários, sujos e sem líder. E um pequeno bárbaro nem por isso sanguinário mas bastante sujo. Doze cavalos carregavam pesadamente os espólios e as armas. A marcha era tão ligeira quanto possível, com os vilões a deixarem bem claro que quem se recusasse a continuar, quem ousasse abrandar, morreria ali.
"Vamos! Vamos!" berravam os captores. Das capturadas nem uma palavra.
Apressavam-se pela planície. Ainda era manhã e o Outono estava a ser generoso com eles. O tempo estava fresco, mas não muito húmido, o que lhes permitia avançar com toda a velocidade que era possível. Queriam afastar-se e chegar ao aldeamento rapidamente. Onde se pudessem esconder, e se necessário, onde se pudessem defender. Havia uma agitação silenciosa entre eles. Não sabiam se a Guarda de Jade estava no seu trilho. O seu melhor batedor, Brunn, tinha voltado para trás para saber mais.
Chegaram a um riacho pouco fundo, em que a água no seu ponto mais fundo submergia tudo até peito da pessoa mais baixa, uma senhora com ar envelhecido, mas que demonstrava ainda ligeireza de andar e de olhar. Perderam algum tempo a verificar se as cargas dos cavalos estavam bem presas e fizeram-se à água.
"Rápido, vamos!"
Apesar da crueldade e da indiferença, os bárbaros eram particularmente eficientes nesta operação, atenciosos até. Asseguravam-se que os cavalos estavam tranquilos, que os prisioneiros trilhavam o mesmo caminho que eles, para não tropeçarem e arriscar ir com a corrente. Uma harpista ruiva ainda considerou escapar, mas um rapaz com a sua lança tinha-a debaixo de olho.
A travessia correu bem e depressa chegaram à outra margem. Itgard ordenou que elas se despissem.
"Ah, mas que bela vista. Sim, mas que bela vista." disse com tom sórdido, mas logo endureceu o discurso "Mas agora não é para festas. Troquem de roupa, suas reles. Não vos quero levar doentes. Ainda temos muito caminho pela frente. O pior bocado! Aha!"
A paisagem começava agora a mudar de aspeto. O riacho que atravessaram finalizava a planície e a outra margem era pantanosa e assustadora. Árvores mortas, vegetação doente, bancos de areia, rochedos afiados. Manter os cavalos no caminho seria um desafio.
Uma hora depois de entrarem pelo pântano encontraram uma grande árvore. Desconheciam-lhe a espécie, apenas sabiam que era a única nos quilómetros que os rodeavam. Era impossivelmente grande, com um tronco que parecia feito do entrelaçar dum sem número de troncos mais pequenos. A sua foliagem era triste, caída, como se estivesse desiludida com o mundo inteiro. Na sua base estava um rochedo cúbico, de arestas afiadas. Sentado nele uma figura sombria aguardava-os.
Era Brunn. O seu cavalo estava morto a seus pés, e a expressão habitualmente séria do seu rosto perspirava um raro ar de preocupação misturado com a ardileza dum lobo.
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