zero zero três
A noite começava a abater-se. E com ela o frio gelado de Norte. Brunn regressava troteando. Preso ao cavalo vinha uma espécie de maca, feita com ramos secos, alguma corda e uma velha manta. Sobre ela, o alce. Morto com uma flecha no coração, algum do seu sangue ainda escorria e depositava-se no pano que segurava o animal. Na neve percorrida por Brunn, notavam-se aqui e ali gotas vermelhas. Um trilho de sangue.
Atrás dele o sol começava a afundar-se, atrás das grandes Montanhas. Era assim que Itgard, irmão da mãe de E., via Brunn regressar. Companheiro de infância, era a sua antítese. Caloroso e emotivo, era o nómada sanguinário que fechava sempre os festins. Odiava estar só. Rasgou-se-lhe um sorriso nos lábios enquanto corria até Brunn e o saudava.
"Irmão! Aha! Vejo que outra vez te esqueces de fechar o golpe da flecha. Deixas um rasto. Queres trazer lobos contigo?"
O rosto de Brunn era de pedra, o olhar vago.
"Estou a ver que estás de humores novamente, menina." disse Itgard, enquanto cofiava a sua grande barba vermelha. "Anima-te, velhaco! Hoje nasceu o teu filho e trazes-lhe um presente que até inveja faria a Artemis!"
Brunn virou ligeiramente a cabeça na direcção de Itgard, continuando a galope rumo ao acampamento, e com os olhos cor de carvão, fixou-se no seu amigo ruivo. Uma voz seca e oca brotou-lhe da boca. "Sim. Será um grande festim."
"Bem, fiquemos com a intenção" respondeu Itgard, nem por isso intimidado pela frieza do Grande Caçador. "Vamos, que ainda temos vinho das colheitas de Verão. Muito. Um pecado! E tenho a certeza que há uma escrava ou duas molhadas, sabendo que o Furacão Vermelho chega esta noite. E com uma grande intenção, aha!" Particularmente óbvio, agarrou as partes.
Brunn continuou troteando, olhando fixamente em frente, para o vazio. Com um sorriso parvo, Itgard apercebeu-se que naquele dia nem ele próprio seria capaz de animar Brunn.
Entraram os dois em silêncio no acampamento.
002
Atrás dele o sol começava a afundar-se, atrás das grandes Montanhas. Era assim que Itgard, irmão da mãe de E., via Brunn regressar. Companheiro de infância, era a sua antítese. Caloroso e emotivo, era o nómada sanguinário que fechava sempre os festins. Odiava estar só. Rasgou-se-lhe um sorriso nos lábios enquanto corria até Brunn e o saudava.
"Irmão! Aha! Vejo que outra vez te esqueces de fechar o golpe da flecha. Deixas um rasto. Queres trazer lobos contigo?"
O rosto de Brunn era de pedra, o olhar vago.
"Estou a ver que estás de humores novamente, menina." disse Itgard, enquanto cofiava a sua grande barba vermelha. "Anima-te, velhaco! Hoje nasceu o teu filho e trazes-lhe um presente que até inveja faria a Artemis!"
Brunn virou ligeiramente a cabeça na direcção de Itgard, continuando a galope rumo ao acampamento, e com os olhos cor de carvão, fixou-se no seu amigo ruivo. Uma voz seca e oca brotou-lhe da boca. "Sim. Será um grande festim."
"Bem, fiquemos com a intenção" respondeu Itgard, nem por isso intimidado pela frieza do Grande Caçador. "Vamos, que ainda temos vinho das colheitas de Verão. Muito. Um pecado! E tenho a certeza que há uma escrava ou duas molhadas, sabendo que o Furacão Vermelho chega esta noite. E com uma grande intenção, aha!" Particularmente óbvio, agarrou as partes.
Brunn continuou troteando, olhando fixamente em frente, para o vazio. Com um sorriso parvo, Itgard apercebeu-se que naquele dia nem ele próprio seria capaz de animar Brunn.
Entraram os dois em silêncio no acampamento.
002