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Showing posts from 2012

2012, a Retrospectiva

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Falta meia hora para que este ano morra. Espero o fim sozinho. Vestido de fato e gravata, ouro sobre azul. Copo de whiskey velho como única companhia, e todas as palavras que se embaralham na minha cabeça. Na TV banalidades imiscuídas com comentários mordazes. O Herman ainda sabe o que faz. 2012. Olho para este ano, e é possivelmente o ano mais atípico da minha vida. Entre ilusões, desilusões, procuras pela verdade e pela estabilidade, sou um homem em guerra comigo mesmo.

A Máquina

É uma máquina funcional. Perfeita. Funciona como esperado. Sorri quando deve sorrir. Fica séria quando deve ficar séria. Triste quando conveniente. Os servo-motores emocionais movem-se com precisão, denotando engenho. Rigor. E no entanto, no seu interior jaz uma faísca descontrolada. Visto de longe, e se a máquina fosse transparente, ver-se-ia um incêndio dentro duma panela de pressão. A máquina fervilha por dentro, agita-se compulsivamente, à medida que o motor emocional processa os dados do dia-a-dia. Mas por vezes ocorrem excessos ou defeitos que não correspondem à calibração do engenho. E então a máquina toda treme. Vibra, num tom assombroso, longo, demorado. E por vezes criam-se fissuras. E alguns demónios escapam por elas.

Para Atravessar o Rio

É Inverno, e a neve cobre tudo. Para chegar a casa decidiste atravessar o rio que julgavas gelado, em alternativa a dares uma grande volta e usar a ponte. Devia ser seguro, devia estar intacto. Decidiste fazê-lo sozinho, para não te atrasares com os outros, com as suas bagagens e as suas hesitações. Para não percorreres um caminho que já é conhecido. Um risco calculado, e se tivermos em conta que o texto começou agora, um risco que vai correr mal. Porque é esta a tua natureza: Estragar. Enquanto caminhas para a margem nevada e pontuada por árvores nuas de folhas, escutas algo diferente. No horizonte nasceu um ruído que te perturba. Não, não é o correr da água, o uivar do vento, ou o ribombar da trovoada. É algo harmonioso e mecânico, maquinal, mas que corre de modo dissonante aos sons da natureza. É aí que páras, e fechas os olhos, e escutas, e tentas perceber. Voltas a abri-los, a focar a distância, identificar de onde vem. Viras-te ao início lentamente, depois mais depressa, mas é ...

zero um zero

"Não tens frio?" A voz de Rolf soava estridente e deslocada. Violava o silêncio instalado no vale, e que servia como manto para Mirra. Ela continuou com os pés enfiados na água, ar pálido, cabelos vermelhos a ocultarem-lhe a face. O frio estava-lhe ausente da mente. "Hey! Não tens frio?" voltou a perguntar.

O Coiote

Eis o que vai acontecer, puto. Vais colocar-te num ponto onde trabalhas no teu imaginário e crias coisas que te fascinam de alguma forma. Fazem girar uma série de mecanismos que não servem para nada do teu dia a dia. Pelo contrário, essas engrenagens fazem tanto barulho que te demovem de fazer aquilo que tem de ser feito. Vais-te aperceber então que apesar do teu gosto por essas coisas, não tens nem o talento nem a experiência nem os conhecimentos que precisas para subsistir dessa forma, com essas engrenagens a moer constantemente. Vais-te aperceber que as tuas escolhas, apesar de seguras, te trancaram então da hipótese de trabalhares nesse e esse imaginário. Vais-te tornar normal, e por mais que esperneies vais tornar-te num branquelas classe média explorado pelo estado enquanto tenta viver uma vida normal, a fazer coisas normais, para pessoas normais.

zero zero nove

Mais água. Mais gotas. Mirra calcava cuidadosamente a terra molhada, enquanto saía da sua tenda, ainda a olhar para dentro dela. A luz continuava estranha, apesar de a mesma. Surreal. O bruto aparentemente dormia, um princípio de sorriso no canto da boca. Mas ela sabia que não havia como retaliar. Essa é a verdadeira extensão do medo, não é? Quando o tirano que nos aprisiona sabe do quão absoluta é a nossa impotência. Deixa de haver desespero, porque não há esperança que o alimente. É tudo claro. Era tudo absolutamente claro na mente de Mirra.

Oito Páginas Depois, Uma Reflexão.

Acerca do meu mini-projeto, 100 Páginas 2012: escrever todos os dias isto é impossível exige um foco demasiado apertado o trabalho rouba a energia (será possível viver sem trabalhar? será a minha namorada capaz de aceitar que faça o golpe com uma viúva velha? poderá ela ajudar-me a fazer o golpe?) receio ter puxado para a frente demasiada escuridão será que devo ouvir menos heavy metal e ler menos sobre desgraças no mundo? o resto dos textos arriscam-se a perder o ritmo  se for esperto, no final pego nisto e reordeno algumas das sequências a continuidade é filha da puta percebo como os gajos do Lost perderam o fio à meada descrever cenas bonitas são mais difíceis que descrever cenas feias vai ser interessante lidar com a parte em que se apaixonam  adoro escrever ainda que doa escrever.

zero zero oito

Sangue. Sangue novamente. Ainda que por um motivo diferente. Um respirar fundo. Um soluçar. Em seu redor a tenda parecia mais escura. Teriam passado então quatro semanas de viagem. Quatro semanas de noites partilhadas com o capitão da guarda, que ainda gemia à sua frente, rosto contorcido em dores, a boca transformada numa mistela de dentes partidos e pele rasgada. Quatro semanas a adormecer naquela tenda. Quatro semanas a conhecer aquela tenda. A memorizar a luz naquela tenda. Nunca havia sido diferente antes. Mas agora a luz era mais fria.

Coisas no Teu Caminho, uma Checklist

  Desilusão. Compreensão.               Dificuldade, Frustração. aborrecimento .                              Abrandamento. Aceleração riso  e rro. mais riso!    Novo abrandamento ?! Descoberta.                              KABOO M, uma Explosão! EUFORIA Manutenção ? Desilusão ...

O Relojoeiro e o Insecto Mecânico Que Ousou Cantar

Começa com um som. Rítmico, certo? Certo. Escuto o zumbido com as orelhas. Há que percebê-lo. É o quê?

zero zero sete

Rolf tinha olhos curiosos que vagueavam por entre as tendas. Estava rodeado por um burburinho pontuado por gritos de homens que morriam. De mulheres que cediam. De crianças, cinco, que choravam. Corria, mão ainda pouco calejada a segurar uma lança. Na mente tinha a imagem duma lebre, segura pelo cachaço, na mão enorme dum gigante vermelho. Rolf gostava de lebres. Não lhe faziam mal e apreciava a forma como se evadiam do perigo. Ágeis. Determinadas. Irrequietas. Vivas. Gostava delas vivas.

A Dadora

Que trazes tu na tua faísca? Fechas o isqueiro e puxas de mais uma baforada do teu cigarro. Tens ansiedade escrita em lábios finos, que se esticam e se descoloram enquanto a tensão se aninha nos teus ombros. Olhas mais uma vez o teu relógio de pulso, ansiosa que o dos minutos chegue ao sítio devido, mas a merda do relógio não tem ponteiros.

zero zero seis

A festa seguia animada. No céu da noite não se via uma nuvem, e não havia Lua. As grandes piras ardiam intensamente, ofuscando assim as estrelas e saturando o ar com um cheiro de alce e especiarias a cozinhar na brasa. No planalto onde o acampamento estava montado, aquela festa era o único ponto luminoso da Terra. Crudes instrumentos de osso eram soprados. Os bárbaros da tribo chamavam-lhes Ossos de Kron, em homenagem a um dos seus antigos, que lhes mostrou que os instrumentos dos vigias, com mais dois ou três furos, podiam produzir música além dos aterradores ululares de alarme. Tinham também alguns tambores feitos de peles de animais e de homens, que produziam o ritmo onde assentavam as melodias dos Ossos, e de uma outra coisa. Uma nova coisa. A música carregava um detalhe, ainda escutado por poucos. O som de uma harpa.

Um segundo

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O tempo de uma vida parece decompor-se em dois tipos. Um primeiro, de características longas e aborrecidas e se representado como uma série de linhas, teria poucas curvas, todas constantes em direção. Um segundo, interrompe o primeiro. Surge como uma explosão, em que se descobrem coisas que revelam novas coisas. Nas linhas que o representam desenham-se fractais.

zero zero cinco

Era o primeiro sorriso de Brunn naquele dia. Tinha acabado de entrar. Ela permanecia na tenda, deitada e enfiada num pesado cobertor de peles de lobo. Havia sido uma prenda de Brunn, eram os dois mais novos, nove meses mais novos. Lobos caçados em noites enquanto vigia, em tempos que não era mais que um mero novato nas mãos do seu tio, Brunn defendia a aldeia, com coragem e arco certeiro na escuridão. Vê-la embrulhada no produto de tantas noites de receio e adrenalina, de trabalho limpo, importante, preenchia-o. Sentia-se protetor de tudo o que importava agora dentro da tenda. Sim, era o primeiro sorriso dele nesse dia.

Update sobre o 100 páginas 2012

A propósito da minha brincadeira, 100 páginas 2012 , um pequeno update. Devo voltar a ela amanhã. Espero. É que depois de escrever o último texto, parece que fiquei com o cérebro sintonizado para cenas completamente diferentes. Continuo a redescobrir o gosto em escrever, e tenho-o feito ainda que não publicando tudo aqui :) Agora, preciso de voltar a descobrir o caminho de volta às estepes.

Humor Negro: Tá porreiro puto, continua assim.

A propósito do espectáculo de stand-up Ruído Negro , que decorreu nestas três últimas noites no Rivoli, n o Porto, escrevi o que abaixo se segue. Inspirado no tema da segunda noite, tentei imaginar um cómico de stand-up diferente, que acabou por ser talvez uma fotocópia retorcida do Pagliacci. Vejam-me tentar ser engraçado, e a falhar redondamente. Deus. Onde está Deus? Ou Jesus? Sabem onde está Jesus? É que eu encontrei Jesus. Irmãos! Irmãs! Eu encontrei Jesus. Querem saber como o fiz? Vou-vos contar uma história. Imaginem um tempo distante. Um tempo em que gola alta e calças de pára-quedista ainda estavam na moda. Aquelas, de bolsos nos lados. Nesse tempo, um tipo (este tipo) é pequenino, e enchem a cabeça pequenina dum tipo pequenino com contos dum tipo grande de barba grande, no Céu.

zero zero quatro

As preparações para o festim iam adiantadas. Três grandes fogueiras, dispersas pelo centro do acampamento aguardavam pelo fogo, fartas em lenha e acendalhas. As tendas tinham todas um aspeto robusto. As bases eram habitualmente feitas com lama seca, ou barro se acampassem junto a um rio. Estavam rodeadas por paredes em peles de animal, a convergirem numa viga de suporte e a dobrarem como telhado. Brunn tinha a maior tenda e era lá que A-Sua-Mulher-de-Agora recuperava. Os outros da tribo aproximavam-se rapidamente dos dois amigos, eufóricos pelo nascimento de E., e de repente, silenciados em espanto com o tamanho do alce abatido por Brunn. Itgard foi o primeiro a quebrar esse silêncio. Costumava sê-lo sempre.

zero zero três

A noite começava a abater-se. E com ela o frio gelado de Norte. Brunn regressava troteando. Preso ao cavalo vinha uma espécie de maca, feita com ramos secos, alguma corda e uma velha manta. Sobre ela, o alce. Morto com uma flecha no coração, algum do seu sangue ainda escorria e depositava-se no pano que segurava o animal. Na neve percorrida por Brunn, notavam-se aqui e ali gotas vermelhas. Um trilho de sangue.

zero zero dois

Aquele dia era diferente. Sentia-o nos ossos. Para a sua tribo era um dia de festa, mas a alegria para ele tinha um sabor corrosivo. Sobretudo quando encharcada em ironia. Brunn o Sisudo. Brunn o Nunca Alegre. Brunn o Grande Caçador. Brunn o Líder. Acordou na alvorada, sentindo na mão o rosto da mãe de E. “Começou” disse-lhe ela, num sussurro. Num sopro só. No azul daqueles olhos morava a certeza do momento. O seu sorriso era definitivo. Ele apenas engoliu em seco.

zero zero um

Segue-se agora um pequeno exercício pessoal. Vou tentar, sem ter pensado muito nisso, escrever uma página por dia, para no final, com alguma sorte e generosidade por parte do leitor, acabar com algo mais que um conto, algo menos que um romance. Uma novela, talvez. Serão 100 páginas no seu todo, escritas durante cerca de 200 dias. Com determinação, deve existir um resultado antes de findar um ano desde que começo. Cá vai. Onde começa uma história? Ou, mais importante que um lugar, uma pessoa. Em quem começa uma história? Começa talvez naquele que viria um dia a perder a inocência, a reclamá-la depois no calor da mais perfeita das mulheres, perfeita para ele, claro, que o ser humano encerra em si um falhanço; e que por um capricho, viria a consumir o mundo inteiro em chamas, por não ter mais como se aquecer.

Ou Seja, Bem Comportados

Estranho como o bom comportamento, que tem apenas valor social - já que ninguém originalmente mantém as aparências apenas para si - é um detrimento tão grande na vida de muita gente. Excessos que não são cometidos, verdades que não são ditas, pressões que não são libertadas, ficam ali, presas na garganta à espera dum redentor. E esse o redentor não é mais que uma sombra de robes escuros, "Prevaricador" cravado numa tabuleta que arrasta por uma corrente consigo. Nas várias trevas de um dia, as pessoas subjugam-se a essa figura, e transformam-se. Vaidosas, mesquinhas, glutonas, mentirosas, lascivas, preguiçosas, invejosas. Bestiais. Mas só na escuridão. Começando o primeiro parágrafo novamente: Estranho como tanta da podridão humana advém duma falta de honestidade para nós mesmos, em virtude de nos mantermos o mais civilizados possível. Ou seja, bem comportados.

"Save Die Reload"

Clique. Clique. Silêncio. Exalar. Inspirar. Suster. Clique, clique, clique... Sorriso. Libertar. Esta é a máquina que montamos para nós. Um sistema que dessensibiliza mentes ao sofrimento alheio, a troco de gratificação adrenal. As crianças que se transformam em adolescentes que se transformam em adultos que se transformam em seres que vêm outros cair sem simpatizarem com a sua aflição. É um motor lógico que lentamente se instala no coração de cada um. Quem cai por terra não é uma pessoa com família, sonhos ou esperanças. É pontuação. É um número. É um jogo, é inofensivo. É um ator. É algo que avança o guião, ou serve de pano de fundo. É uma história, é inofensiva. É satisfazer uma doente fantasia de poder. De sermos pequenos deuses, que vomitam Morte. Embebedamos-nos com a ilusão de sermos impossíveis de abater. E na ressaca tornamos-nos duros de amar, resistentes ao toque, indiferentes ao olhar. Vazios de alma. O entretenimento digital é o novo veneno. Um pouco menos, s.f.f...

O espaço é fixe: sistemas binários

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Por outro lado, há coisas do caralho. Um sistema solar com dois sóis. Há um ano foi anunciada a descoberta de um planeta num sistema binário. Uma equipa de astrónomos divulgou agora uma descoberta que mostra a diversidade do Universo, tendo identificado todo um sistema, com pelo menos um planeta na chamada zona habitável, nem demasiado próximo das estrelas nem demasiado longínquo para poder ter água no estado líquido. A estrela principal do sistema binário é semelhante ao Sol (um pouco menos brilhante) e a estrela menor tem um terço do tamanho e brilho de apenas 1%. Em cada semana que passa, do ponto de vista da Terra, verifica-se um eclipse destes dois enormes objetos. O sistema Kepler-47 situa-se a 4900 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne. Tem pelo menos dois planetas: um interior, que orbita as duas estrelas em 50 dias, e um exterior, o Kepler-47c, cuja órbita dura 303 dias. Se por vezes um tipo questiona-se quanto à razão própria de ser, pode sempre...

A Importância do Exemplo

É tão estranho como um tipo se levanta e constata que o clima económico que atravessamos deve tanto a uma falsa aparência de prosperidade de há uma, duas décadas atrás. Países ditos ricos, ou para o caso , regiões ditas as mais ricas se revelam agora como sendo afinal as mais endividadas. Vendeu-se uma ideia errada de prosperidade este tempo todo. Outro exemplo empírico revela que a expressão "hey, tem bom carro, tem dinheiro" afinal devia ser ajustada para "hey, tem bom carro, endividou-se". Até há bem pouco tempo acreditava que a culpa dos endividados morava maioritariamente neles mesmos. Afinal de contas, foram eles quem assinaram os contratos que agora lhes pesam na consciência e lhes fecham portas. Foi escolha deles. Mas o meu erro é assumir que o povo em geral tem discernimento(*). Que é capaz de olhar para o que lhe vendem e saber ler nas entrelinhas. Que dinheiro fácil só existe enquanto intervenção momentânea da Senhora Sorte, e nunca como...

Princípio, Meio e Fim

Estou a chegar a um ponto na minha escrita onde cravo por estrutura. Por princípio, meio e fim. Estranhamente, é também nesta altura que princípio, meio e fim se tornam desinteressantes. As tangentes são amantes sedutoras, e é complicado fugir-lhes de volta para a linha. Talvez seja neste conflito que coisas mais interessantes assumam contornos mais definidos.

Mais Ruído

A publicidade rodeia tudo o que fazemos, tudo o que vemos. Rentabilizar, criar uma marca, desenvolver notoriedade, entupir olhos e ouvidos com "compra, compra, compra aquilo que temos para vender". A humanidade continua pacífica. Aparelhos televisivos ligados, a formatar mentes consumistas e a destruir vontades próprias. O mais curioso é este delicioso e malévolo pormenor. Fomenta-se o individualismo. É a tua experiência. A tua cor. O teu produto. O teu estilo. Uma mentira. Foi tudo programado e pensado num escritório, directivas dos accionistas a impulsionar a concepção de algo vendável, que expanda os horizontes financeiros da empresa que os alberga. Satisfazemo-nos com pouco. Chega-nos merda. Por todo lado merda. Poucos de nós a berrar "ascende", a chorar "luta", a querer valor genuíno, sem preço etiquetado. A serem abafados por anúncios cada vez mais altos, néon cada vez mais intenso. És um idiota se não compras. És estranho se não consomes. És r...

Cuidado com o que desejo

Porque de facto comprova-se. Pode acontecer. Quero marcar aqui um passo dado. Não sei se irá dar frutos, ou se der, de que variedade. Mas não podia sonhar mudança e depois recusar quando irrompe estilo comboio descontrolado pela minha vida adentro. Gostava de poder ser menos vago, mas não quero azarar. A ver no que dá.

Novas Metas

Dotado de novas ferramentas, são menos os pretextos para me deixar ficar. Acompanhado do meu papel e caneta electrónicos, devo fazer por escrever mais. E melhor. Devo isso a mim mesmo.

Ascender

Terra medíocre para céus de terror. Acordo todos os dias numa terra de gente que se recusa ver. Se recusa amar. Se recusa perder. Então levo os olhos ao céu e procuro ascender. Faço das minhas ideias asas, e salto do precipício, esperando concretizá-las na queda, descobrir se são suficientes. O chão aproxima-se, súbito, e na minha barriga mora o terror da questão "terá valido a pena?"

Honrar

Numa altura em que as pessoas devem ser honradas e lembradas, é de extremo mau gosto aproveitar a leva para fazer campanha, seja qual for o motivo. - A propósito de um padre num funeral. (A instituição Igreja consegue ser mesmo desligada do que são as pessoas.)

Mais um ciclo de lavagem

Está na altura de voltar a passear no inferno. De me confrontar, e aos meus demónios e saber se valho alguma coisa. De voltar a escrever, de dizer coisas, porventura até me fartar ou acontecer qualquer coisa que me volta a afastar (videogames). Até que alguém me diga para me calar.